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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Desertificação: A cada minuto, 12 hectares áridos

desertificação

O alarido em torno do “fracasso de Copenhague”, na reunião da Convenção do Clima, impediu que a comunicação desse destaque a algumas discussões ali ocorridas, entre elas as que se referiam ao tema da desertificação e suas relações com mudanças climáticas (uma das causas centrais da desertificação progressiva no mundo, onde esse processo avança à razão de mais de 60 mil km2 por ano, 12 hectares por minuto). É pena.

Ainda na nona reunião da Convenção da ONU sobre Luta contra a Desertificação, realizada em Buenos Aires, no final de setembro e começo de outubro, ficou claro que a situação continua a agravar-se. Só para focar mais perto de casa, foi dito ali que a América Latina e o Caribe já têm 25% de terras áridas, semiáridas e subúmidas secas. E destas, 75% com sérios problemas de degradação por causa do clima e do mau uso. Argentina, México e Paraguai são os países com mais problemas. Mas o Brasil tem mais de 1 milhão de km2 envolvidos no processo, dos quais 180 mil no Semiárido nordestino e mineiro, em situação mais delicada. Ao todo são 1.482 municípios (15% do território nacional) e 32 milhões de pessoas.

Segundo a ONU, no mundo 2 bilhões de pessoas vivem em áreas com terras secas predominantes – 40% da superfície da Terra. Dessas, 325 milhões (40% da população total do continente) estão na África, onde o processo evolui mais rapidamente que em qualquer parte. Até 2025, diz a ONU, a seca pode atingir 70% do planeta. De 1990 para cá, cresceu 15% a área atingida. E quase nada se tem avançado no enfrentamento do problema, devido, além do clima, a desmatamento, mau uso e degradação do solo, urbanização em áreas antes férteis (em 40 anos um terço das terras de cultivo foi abandonado). E esse caminho é dos que mais contribuem para o crescimento do número de “migrantes ambientais”, que já são 24 milhões hoje e poderão ser 200 milhões em 2050.

Entre nós a situação é mais grave nos 180 mil km2 e, nestes, em Irauçuba (CE), Seridó (PB), Gilbués (PI) e Cabrobó (PE). Na Paraíba, segundo estudo da Embrapa e da Unicamp, 66,6% das terras férteis foram comprometidas pelo processo de desertificação; no Ceará, 79,6%; no Piauí, 70,1%. Mas parte pode ser recuperada, com caminhos e métodos adequados. Só que dos R$ 49,4 milhões destinados a enfrentar o problema entre 2004 e 2009 apenas 20% foram utilizados (Congresso em Foco, 11/4/2009).

Mas há caminhos para enfrentar o problema, no mundo e aqui. Entre nós, felizmente, passou a prevalecer a visão de que é preciso trabalhar a questão não tentando “combater a seca”, e sim adotando um programa de “convivência adequada” com o Semiárido e suas possibilidades. A propósito, o escritor Ariano Suassuna, que cria cabras em região árida, costuma dizer – e provavelmente por isso já foi citado aqui – que “enfrentar a seca criando um Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, como fizemos, é como criar um departamento de combate à neve na Sibéria”. Tarefa impossível.

No campo da água, propriamente, o caminho mais indicado para abastecer as populações que vivem em pequenas comunidades isoladas, onde não chegam nem chegarão adutoras com águas de transposição, é o das cisternas de placas, que recebem a água de chuva canalizada nos telhados e a depositam em reservatórios de paredes cobertas por placas que impedem a infiltração na terra. Por esse caminho, na estiagem, uma cisterna pode abastecer com 20 litros diários de água cada uma das pessoas na casa – “uma bênção”, como disse ao autor destas linhas uma mulher no interior de Pernambuco, erguendo as mãos para o céu. Já se construíram mais de 200 mil cisternas de placas e é preciso chegar a 1 milhão – mas, infelizmente, o grosso dos recursos no Semiárido vai para o programa de transposição de águas do São Francisco, que não as atenderá, já que mais de metade da água transposta irá para programas de irrigação de produtos destinados à exportação e outra grande parte, para reforço do abastecimento de água das cidades que, em média, perdem mais de 40% da que sai das estações de tratamento.

Nas zonas rurais, o caminho está também em barragens subterrâneas e barragens encadeadas, que viabilizem cada vez mais programas como a cultura de caju, do umbu, da cera de carnaúba, de fibras e outras, além da apicultura, piscicultura (em reservatórios já existentes), caprinocultura e outras.

Em março, em Petrolina e Juazeiro, será realizado o Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação, no qual se pretende construir um “pacto pelo desenvolvimento sustentável do Semiárido”. Será uma boa oportunidade de avançar. Não apenas conceitualmente, mas acertando a destinação dos recursos imprescindíveis, que até aqui são quase ridículos. Abrindo para sua utilização caminhos corretos, que não sejam nem o das megaobras como a do São Francisco (muitas vezes comentadas aqui), nem os que acabam concentrando água para poucos beneficiários (como nos grandes açudes construídos durante décadas em propriedades privadas, sem beneficiar o grosso da população).

É preciso ressaltar, como tem feito a ONU, que a degradação da terra não é apenas consequência de mudanças climáticas, é causa também – como tem sido observado, principalmente, na África, onde a terra degradada é fonte geradora de emissões que intensificam o efeito estufa. A recuperação dessas terras ajuda a fixar carbono e até removê-lo da atmosfera. E nesse ponto entra em cena o problema do mercado mundial de carbono, em que os financiamentos continuam a escassear, ante a incerteza quanto do futuro do Protocolo de Kyoto e seu Mecanismo do Desenvolvimento Limpo, que destina recursos a esses caminhos.

Os novos conceitos permitem enfrentar dois problemas ao mesmo tempo, o do clima e o da pobreza – não esquecendo que hoje há mais de 1 bilhão de pessoas que passam fome todos os dias.

Washington Novaes é jornalista E-mail: wlrnovaes{at}uol.com.br

Fonte: O Estado de S.Paulo

Estudo diz que 40% dos casos de câncer poderiam ser evitados

LONDRES - Cerca de 40% das 12 milhões de pessoas diagnosticadas com câncer em todo o mundo anualmente poderiam evitar a doença protegendo-se contra infecções e mudando o estilo de vida, afirmaram especialistas nesta terça-feira, 2. Um relatório da União Internacional contra o Câncer (UICC), que tem sede em Genebra, na Suíça, ressaltou que nove infecções podem levar ao câncer e pediram que as autoridades de saúde salientem em seus países a importância das vacinas e da mudança no estilo de vida para combater a doença.

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"Se houvesse um anúncio de que alguém havia descoberto a cura para 40% dos cânceres do mundo, haveria uma comemoração enorme com razão", disse à Reuters o presidente da UICC em uma entrevista por telefone. "Mas o fato é que temos, agora, o conhecimento para evitar 40% dos cânceres. A tragédia é que não o estamos usando."

O câncer do colo do útero e o câncer de fígado, ambos causados por infecções que podem ser evitadas com vacinas, devem ser a prioridade, indicou o relatório, não apenas nas nações ricas, mas também nos países em desenvolvimento, onde ocorrem 80 por cento dos casos de câncer do colo do útero.

O câncer é uma causa importante de morte em todo o mundo e o número total de casos globalmente está aumentando, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número de mortes por câncer no mundo está projetado para subir 45% de 2007 a 2030, passando de 7,9 milhões para 11,5 milhões de mortes, causadas, em parte, por uma população cada vez maior e mais idosa.

O UICC afirmou que quer concentrar a atenção dos responsáveis pelas políticas de saúde nas vacinas de prevenção ao câncer --como a fabricada pela GlaxoSmithKline e pela Merck & Co contra o vírus do papiloma humano (HPV), que causa o câncer do colo do útero, e outras contra a hepatite B, que causa doença hepática e câncer.

"As autoridades de todo o mundo têm a oportunidade e a obrigação de usar essas vacinas para salvar a vida das pessoas e educar suas comunidades para escolhas de estilos de vida e medidas de controle que reduzam o risco delas de câncer", afirmou o diretor-executivo do UICC, Cary Adams, em um comentário sobre o relatório.

Outras infecções causadoras de câncer incluem as dos vírus da hepatite C, do HIV e do Epstein Barr, um vírus do tipo da herpes transmitido pela saliva.

Os especialistas afirmam que o risco de desenvolver câncer poderia ser reduzido em até 40 por cento se fossem empregadas medidas de prevenção e de imunização total combinadas com mudanças simples no estilo de vida, como parar de fumar, comer saudavelmente, limitar a ingestão de álcool e reduzir a exposição ao sol.
Fonte: O Estadão

Cientistas transformam células cutâneas em neurônios

Neurônios derivados a partir de células da pele de camundongos

Thomas Vierbuchen/Marius Wernig

Neurônios derivados a partir de células da pele de camundongos

WASHINGTON - Pesquisadores transformaram células cutâneas normais de ratos diretamente em neurônios, sem a necessidade de células-tronco ou mesmo de assemelhados, ampliando enormemente o campo da medicina regenerativa.

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A experiência abre a perspectiva de que um dia seja possível retirar uma amostra da pele de um paciente para transformar as células em um tecido sob medida para transplantes no tratamento de doenças cerebrais, como os males de Parkinson e Alzheimer, ou para a cura de lesões de coluna.

"Este estudo é um enorme salto à frente", disse Irving Weissman, diretor do Instituto para a Biologia da Célula-Tronco e da Medicina Regenerativa na Universidade Stanford, na Califórnia, onde o trabalho foi feito e patenteado.

Trabalhos anteriores com células-tronco em ratos puderam ser repetidos em humanos em questão de meses.

Os especialistas também esperam reprogramar células comuns para transformá-las em outros tipos de células, de modo a ajudar na substituição de fígados deteriorados e no tratamento de doenças como diabete e câncer.

Em artigo na revista Nature, os pesquisadores disseram ter usado apenas três genes para transformar as células cutâneas diretamente em neurônios, que eles batizaram de "células neuronais induzidas".

"Induzimos ativa e diretamente um tipo de célula para se tornar um tipo completamente diferente de célula", disse Marius Wernig, da Universidade Stanford, que dirigiu o estudo. "São neurônios totalmente funcionais. Eles podem fazer todas as coisas principais que os neurônios fazem no cérebro".

Wernig se disse surpreso com o sucesso do trabalho. Cientistas achavam até então que era necessário fazer as células regredirem a um estágio mais primitivo antes que elas pudessem mudar de direção.

"Para ser muito honesto, eu não tinha certeza de que iria funcionar. Foi um desses projetos de alto risco e alta recompensa", disse Wernig por telefone. "Funcionou, na verdade relativamente rápido".

A equipe já está tentando fazer o mesmo com células humanas, mas Wernig disse que nesse caso parece ser um pouco mais complicado.

O grande foco da medicina regenerativa tem sido as células-tronco embrionárias humanas, que retêm a capacidade de gerar qualquer tipo de tecido do organismo. Mas seu uso é polêmico e restrito.

Nos últimos anos, os cientistas também conseguiram fazer células cutâneas regredirem para um estágio semelhante ao das células-tronco, quando são chamadas de células-tronco pluripotentes induzidas.

A nova experiência pula todas essas fase intermediária e, embora não signifique de imediato que não há necessidade do uso de células-tronco embrionárias, ela sugere que há um caminho para evitá-las.

Um problema das novas células é que elas não proliferam bem em laboratório e não vivem tanto quanto as células-tronco primitivas. Mas Wernig disse acreditar que será possível transformar as células cutâneas em todos os outros tipos.

"É preciso apenas encontrar o coquetel de transcrição correto, e você poderá transformar qualquer coisa que quiser em qualquer (outra) coisa que quiser", disse Wernig.

Fatores de transcrição são genes que dizem o que outros genes têm de fazer. Cada célula no organismo contém todo o mapa do DNA, ou genoma, mas só determinados genes operam em certas células.

Fonte: O Estadão

Óleo de peixe pode prevenir o desenvolvimento de psicose, diz estudo

O óleo de peixe pode reduzir as chances de jovens propensos à psicose desenvolverem este problema de saúde mental, segundo estudo da Universidade de Viena, na Áustria. De acordo com os pesquisadores, os resultados de uma pesquisa com 81 jovens - média de 16 anos de idade - que estavam “à beira da psicose” mostraram que doze semanas de tratamento com pílulas de óleo de peixe poderia reduzir os riscos de desenvolver esta condição por pelo menos um ano.

Um ano após o início do estudo, 11 dos 40 jovens tratados com placebo desenvolveram o transtorno mental, comparados com apenas dois dos 41 jovens que começaram o ano com 12 semanas de tratamento com cápsulas de óleo de peixe ricas em ômega-3. Segundo os especialistas, nenhuma outra intervenção - incluindo drogas psiquiátricas - alcançou um efeito tão duradouro. Além disso, esse tratamento não apresentou efeitos colaterais.

Embora estudos anteriores já venham sugerindo que o ômega-3 pode aliviar a depressão clínica e outros transtornos psiquiátricos, e pessoas com esquizofrenia tenham tendência a apresentar menores níveis sanguíneos de ômega-3, ainda não está claro seu papel entre as pessoas com psicose já estabelecida. Segundo os autores, mais estudos também são necessários para desvendar como o óleo de peixe pode ajudar a prevenir ou retardar o desenvolvimento de psicose.

Fonte:UOL

Peixes de aquário: animais de estimação ou pestes?

A criação de peixes ornamentais é uma atividade de lazer muito popular, mas constitui uma ameaça aos ecossistemas marinhos e de água doce. Quando libertados na natureza, os peixes de aquário podem gerar impactos ambientais e até prejudicar a saúde humana.

O peixe amazônico cará-papa-terra ('Geophagus cf. albifrons') foi descoberto recentemente em rios do estado de São Paulo, e provavelmente foi introduzido nessa nova região por meio de soltura por aquaristas.

A criação de peixes ornamentais em aquários – o aquarismo – é uma das atividades de lazer mais praticadas no mundo, mas também é uma crescente fonte de disseminação de peixes não-nativos em corpos d’água de diversos países. Essa introdução de espécies de outras regiões por aquaristas pode ter desastrosos impactos sobre ecossistemas marinhos e de água doce e até na integridade física das pessoas. Peixes de aquário nunca devem ser libertados no meio ambiente. Para se desfazer de seus peixes, os aquaristas devem seguir as recomendações feitas por instituições da área ambiental: doá-los, vendê-los ou, se não for possível, sacrificá-los com anestésicos ou congelamento.

A prática de confinar peixes para fins contemplativos é antiga. Acredita-se que a história do aquarismo remonte aos antigos egípcios e romanos, mas foi na China e no Japão que essa prática se desenvolveu, entre os anos 970 a 1279 do atual calendário. O aquarismo chegou à Europa no século 17, à América do Norte no século 18 e ao Brasil no final do século 19.

Nas últimas décadas, a criação de peixes marinhos e de água doce em aquários experimentou muitos avanços técnicos e ganhou adeptos em todo o mundo. Hoje, o mercado mundial de peixes ornamentais movimenta, por ano, cerca de US$ 3 bilhões, e a indústria de equipamentos e acessórios para aquarismo, incluindo a literatura especializada, ultrapassam os US$ 15 bilhões.

Os Estados Unidos representam um exemplo desse crescimento. Naquele país, a aquariofilia é a terceira atividade de lazer mais praticada pela população, perdendo apenas para a fotografia e a filatelia (coleção de selos). Uma pesquisa realizada em 1994 revelou que mais de 10 milhões de lares norte-americanos tinham aquários. No Japão, estima-se que existam cerca de 1,2 milhão de aquaristas. Nesse país da Ásia, a prática da aquariofilia está relacionada a crenças e superstições de que “ter um aquário traz sorte”. No Brasil, esse passatempo ainda tem poucos apreciadores, em comparação com Estados Unidos e Japão: estima-se que mais de 500 mil aquários residenciais estejam espalhados pelo território nacional.

Estudos sobre essa atividade mostraram que a presença de aquários nos lares proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas. Alguns resultados positivos do aquarismo seriam: desenvolvimento do senso de responsabilidade, da iniciativa e da confiança em crianças, redução no nível de estresse em adultos e melhoria do bem-estar físico e psicológico em idosos (inclusive benefícios como tratamento suplementar para a doença de Parkinson).

Infelizmente, muitas pessoas que praticam essa atividade não cuidam de modo adequado de seus aquários, por diversos motivos. O interesse dos aquaristas pode ser afetado por problemas como o crescimento exagerado de algumas espécies, entre elas o pacu-de-barriga-vermelha; o comportamento agressivo de outras, como o oscar ou o apaiari, que atacam outros peixes colocados no mesmo aquário; e a morte de exemplares, decorrente de falhas de manutenção.

Manter um aquário de maneira adequada exige alguns conhecimentos e cuidados básicos em relação a limpeza, condições da água – temperatura, potencial hidrogeniônico (pH), oxigenação e renovação do meio –, alimentação dos peixes e outros. Ao desistir da atividade, muitos aquaristas, por compaixão, relutam em sacrificar seus peixes e os libertam em ambientes naturais, por não saber que essa atitude não é correta.

Estudo realizado pelo biólogo Ian Duggan, do Instituto de Pesquisas Ambientais dos Grandes Lagos no Canadá, sugeriu que os peixes ornamentais mais populares, comumente disponíveis no comércio mundial, são introduzidos nos ambientes naturais mais facilmente e em maior quantidade do que as espécies raras. Esses peixes mais comuns são os ciclídeos (acarás e mbunas), os poecilídeos (guppies, platis, molinésias e espadinhas), os caracídeos (tetras, piabas e lambaris), os ciprinídeos (carpas, kinguios, barbos e paulistinhas), os belontídeos (peixes-de-briga, peixes-do-paraíso, colisas e tricogasters) e os loricarídeos (cascudos).

Pesquisadores da agência Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) também mostraram que, naquele país, a liberação no ambiente de peixes de aquário é a segunda maior causa de introdução de espécies não-nativas. Esse tipo de invasão biológica é mais grave no estado da Flórida. Em Taiwan, na Ásia, pesquisadores das universidades de Kaohsiung e Taiwan, e do Zoológico de Taipei, descobriram que 20 das 26 espécies de peixes não-nativos presentes nos ambientes naturais daquele país foram introduzidas devido a solturas de aquaristas.

No Brasil, a maioria das informações sobre introduções de peixes diz respeito a fugas de empresas de piscicultura, sendo raros os relatos de solturas por aquaristas. Mesmo assim, há registros de detecção de espécies ornamentais em áreas onde antes não viviam.

Fonte:Ciência hoje

Guerra microbiana

Guerra microbiana

Lactobacilos presentes no ambiente vaginal sadio podem ser usados para combater infecções. Na imagem, lactobacilos aumentados em mil vezes (foto: Fabio Carvalho).

Já diz o ditado que fogo se combate com fogo. E por que não usar bactérias, como os lactobacilos normalmente presentes em nosso corpo, contra outras bactérias ou leveduras patogênicas? É o que pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão fazendo. Eles isolaram quatro linhagens da bactéria Lactobacillus crispatus existentes no ambiente vaginal sadio e com alta capacidade de combater agentes infecciosos. Junto com uma empresa gaúcha, a Geyer Medicamentos, os cientistas pretendem usar essa bactéria para desenvolver um produto baseado em uma defesa natural, que reforçaria o ecossistema vaginal e impediria o surgimento de infecções.

A pesquisa surgiu de uma colaboração entre os departamentos de Microbiologia da UFMG e de Ginecologia do Hospital das Clínicas da mesma universidade para estudar a relação entre o aparecimento de infecções e distúrbios da microbiota vaginal. “Antigamente, se dizia flora vaginal, mas como as bactérias não são animais nem vegetais, possuindo seu próprio domínio, a palavra correta, no caso dos Lactobacillus, é microbiota”, explica Jacques Nicoli, biólogo da UFMG e coordenador do estudo.

Segundo ele, o trabalho comparou, por meio de exames clínicos e microbiológicos, mulheres sadias e com infecção vaginal para identificar e contar quais espécies de lactobacilos eram parte do ecossistema normal e quais do infectado. Nicoli relata que, em situação de normalidade, o ecossistema é totalmente dominado por essas bactérias em forma de bastonete, conhecidas como Flora de Doderleïn. “No entanto, quando há um distúrbio – seja causado por mudança hormonal, condições higiênicas, roupas íntimas sintéticas ou mesmo antibióticos –, os lactobacilos diminuem, permitindo que outros micro-organismos se alojem no ambiente, o que pode gerar um processo infeccioso”, diz o biólogo.

Mecanismo de defesa ecológica

Nicoli e sua equipe identificaram as espécies de lactobacilos que, além de estarem sempre presentes em mulheres sadias, apresentavam maior capacidade de inibir o crescimento de um amplo espectro de patógenos vaginais. “O L. crispatus se mostrou o melhor candidato e selecionamos quatro linhagens dessa espécie particularmente eficientes na proteção”, conta, acrescentando que essa bactéria usa a produção de água oxigenada e de bacteriocinas, entre outros mecanismos, como arma contra os invasores.

O medicamento só estará pronto para comercialização, se tudo correr bem, daqui a oito anos

Nessa etapa, os pesquisadores foram contatados pela empresa Geyer Medicamentos, de Porto Alegre, que estava à procura de um novo produto na linha dos chamados probióticos. O produto, sob a forma de pomada ou supositório, introduziria essas novas linhagens de L. crispatus, ajudando a recompor a microbiota original e combater a infecção. “Atualmente, há alguns produtos que seguem essa linha, mas contendo micro-organismos que não vêm do ecossistema vaginal sadio”, observa o biólogo.

Após a mediação do Centro de Transferência e Inovação Tecnológica da UFMG, o laboratório transferiu as linhagens selecionadas de lactobacilos à empresa e agora as duas equipes, em colaboração com a microbiologista Célia Alencar de Moraes, da Universidade Federal de Viçosa, estão desenvolvendo a formulação do produto, que deve levar cerca de dois anos até ficar pronto. “Depois disso, teremos mais dois anos de testes em animais, dois anos e meio testando em humanos e um ano e meio para aprovação na Agência de Vigilância Sanitária [Anvisa]. Ou seja, creio que o medicamento só estará pronto para comercialização, se tudo correr bem, daqui a oito anos”, prevê Nicoli.

Fonte:Fred Furtado Ciência Hoje / RJ

Ginkgo biloba: o chá das folhas é seguro?

Ginkgo biloba: o chá das folhas é seguro?

O ‘Ginkgo biloba’, árvore que lembra o pinheiro, é a única representante atual de sua família de plantas (foto: Willow/ Wikimedia Commons).

O Ginkgo biloba é uma das plantas medicinais mais comercializadas atualmente no mundo. É apontado como benéfico no tratamento de muitos problemas de saúde, mas as informações divulgadas sobre seus efeitos terapêuticos são em geral exageradas e sem base científica.

Na verdade, pesquisas relatam com frequência efeitos adversos quando são utilizadas partes da planta fresca ou seca, que não passaram por um processo de remoção de substâncias tóxicas existentes na espécie. Não é recomendado o consumo do G. biloba fresco ou seco, na forma de chás ou em contato direto com a pele, devido à presença de substâncias capazes de provocar alergias ou reações tóxicas para o sistema nervoso.

As plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos são utilizados em todo o mundo por apresentarem ação terapêutica contra variados problemas de saúde, mas são equivocadamente considerados de baixo risco de toxicidade. Tanto as plantas (folhas, cascas e outras partes, usadas ao natural, secas ou trituradas, ou em emplastos e chás caseiros) quanto os medicamentos industriais obtidos destas (os fitoterápicos) podem conter substâncias que exercem efeitos colaterais indesejáveis, do mesmo modo que os remédios compostos de substâncias sintéticas.

O Ginkgo biloba é a única espécie ainda existente da família Ginkgoaceae, e por isso tem sido chamada de ‘fóssil vivo’ – há estruturas fossilizadas de ancestrais do gênero Ginkgo, semelhantes à espécie atual, com até 170 milhões de anos. Por apresentar propriedades terapêuticas, é uma das plantas mais empregadas em remédios caseiros ou em fitoterápicos em todo o mundo.

Atualmente, as folhas secas da planta têm sido utilizadas por muitas pessoas por meio da automedicação, o que traz muitos riscos

Seu uso medicinal é milenar: registros chineses revelam que desde 2.800 a.C. a planta era usada na medicina tradicional do país, em especial para o tratamento de doenças respiratórias. Atualmente, suas folhas secas têm sido comercializadas indiscriminadamente e indicadas para o tratamento de distúrbios de memória e utilizadas por muitas pessoas por meio da automedicação, o que traz muitos riscos.

As principais indicações terapêuticas para os extratos de G. biloba são o tratamento de deficiências na cognição (em particular falhas de memória e dificuldade de concentração), depressão, vertigens, zumbidos no ouvido, dor de cabeça e síndromes de demência. Também são indicados para o combate à doença arterial periférica oclusiva Fontaine estágio II (claudicação intermitente), que compromete o desempenho físico dos pacientes, levando a dificuldades para caminhar. Outras recomendações incluem casos de asma, impotência sexual, alergias e síndrome pré-menstrual.

Para os extratos de G. biloba produzidos de maneira correta, com a eliminação das substâncias tóxicas, o uso geralmente não tem contraindicações. Os efeitos adversos são muito raros, mas em alguns casos podem ocorrer irritações gástricas leves, diarreia, flatulência, náusea, vômito, dor de cabeça, sangramento e reações alérgicas cutâneas por contato. Mesmo sem contraindicações, o uso de preparações à base de G. biloba deve ser evitado por pacientes com histórico de hipersensiblidade, crianças e grávidas.

Produtos à base de G. biloba podem ser encontrados nas farmácias em diversas apresentações: cápsulas, comprimidos, aerossóis sublinguais e tinturas, preparados a partir de extratos secos ou fluidos. Há também algumas preparações para uso na pele desenvolvidas a partir das folhas e indicadas para tratamento antienvelhecimento e como protetor solar.

Entretanto, a maioria dos fitoterápicos produzidos com essa planta é constituída por um extrato padronizado das folhas, obtido por meio de processos que envolvem várias etapas, as quais, ao final, concentram os componentes ativos e removem parte das substâncias potencialmente tóxicas.

Fonte:Ciência hoje

Plantas medicinais combatem alergia

Plantas medicinais combatem alergia

Utilizada tradicionalmente na medicina popular em Alagoas, a sucupira (‘Bowdichia virgilioides’) teve seu efeito anti-inflamatório confirmado em pesquisas do Laboratório de Biologia Celular e Molecular da Ufal (foto: Jamylle Ferro).

A sucupira e a orelha-de-burro vêm sendo utilizadas tradicionalmente pela população de Alagoas para tratamento de inflamações, incluindo crises alérgicas. Agora, o efeito das duas plantas foi comprovado cientificamente em pesquisa do Laboratório de Biologia Celular e Molecular, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Além de confirmar a sabedoria popular, o estudo ganha ainda mais importância frente ao dado divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde de que o estado concentra o maior índice de asma alérgica do Nordeste.

Modelos in vivo e in vitro foram utilizados para avaliar o potencial anti-inflamatório, antialérgico e analgésico do extrato bruto e de frações da sucupira (Bowdichia virgilioides) e da orelha-de-burro (Clusia nemorosa). “De início, utilizamos extratos de maneira semelhante à medicina popular. A partir daí, fracionamos esses extratos para poder determinar as substâncias responsáveis pelo efeito desejado”, explica Emiliano de Oliveira Barreto, coordenador da pesquisa. Ele conta que a população local costuma utilizar o chá (processo de decocção) da casca de ambas as plantas para combater a alergia e que os resultados obtidos pela pesquisa revelaram que as plantas contêm, de fato, substâncias capazes de suprimir o processo inflamatório.

O processo inflamatório alérgico apresenta-se como um mecanismo de defesa do organismo às agressões sofridas. Uma das etapas da reação inflamatória é um acúmulo de leucócitos no local inflamado. Utilizando um modelo experimental de inflamação alérgica, os pesquisadores verificaram que tanto a sucupira quanto a orelha-de-burro inibiram esse acúmulo de leucócitos.

Após a confirmação das propriedades anti-inflamatórias, a equipe agora estuda os mecanismos moleculares envolvidos na inibição da mobilização de leucócitos. E investiga, em outros estudos, as propriedades analgésicas dessas plantas. “Além disso, estamos empenhados em demonstrar que elas não possuem efeitos tóxicos, fato importante para garantir o seu uso seguro, bem como de seus derivados”, informa o pesquisador.

Fonte:Ciência hoje

Homens que tomam chás têm menos barriga, indica estudo

Um estudo apresentado esta semana no Primeiro Congresso Internacional sobre Obesidade Abdominal, em Hong Kong, indica que o consumo diário de chá pode ajudar a reduzir a barriguinha de chope dos homens. Em pesquisa com mais de 3,8 mil adultos americanos, os pesquisadores observaram que os homens que bebiam mais de duas xícaras de chá por dia tinham menor circunferência da cintura do que aqueles que tomavam café ou nenhuma das duas bebidas. Mas os resultados não seriam os mesmos para as mulheres.

“A potencial associação entre café/chá e obesidade abdominal não é trivial, considerando que mais de 60% da população adulta bebe café ou chá, que essas bebidas podem ser consumidas tão frequentemente quanto 10 vezes por dia, e que uma alta percentagem de bebedores de café e chá usam aditivos nessas bebidas”, destacou o pesquisador D. R. Bouchard, da Universidade de Queen, no Canadá. Além disso, ele destaca que a obesidade abdominal é um crescente problema mundial associado a diversos riscos cardiovasculares.

A pesquisa mostrou também uma diferença em relação ao uso de açúcar e de adoçantes. Os resultados indicaram que, entre os homens, o consumo de chá com açúcar estava associado a 2,5 cm a menos na circunferência da cintura, e o uso da bebida com adoçante, a 5 cm a menos, comparados àqueles que não tomavam chás. Entre as mulheres que usavam adoçantes, por sua vez, a cintura era quase 2,5 cm maior. Porém, mais estudos são necessários.

Fonte: Uol Ciência e Saúde