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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CTNBio libera transgênico para produzir diesel da cana

SÃO PAULO - A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem a liberação comercial de uma levedura transgênica que permite a produção de diesel usando a cana-de-açúcar. É a primeira vez que um transgênico desse tipo é aprovado pela comissão.



A levedura é um fungo, amplamente usado na produção de vinhos, cachaça e fermento de pão. A espécie aprovada teve seu DNA modificado, o que a torna agora capaz de produzir um precursor do diesel, o farneseno.



Em sua primeira reunião plenária após a mudança do comando, o órgão também aprovou o uso comercial de duas espécies de soja modificada, resistentes ao agrotóxico glufosinato de amônio. As sojas foram produzidas pela Bayer. Também houve a liberação de duas vacinas veterinárias transgênicas. Com isso, sobe para oito o número de vacinas aprovadas para liberação comercial pela comissão, formada por 27 integrantes. A reunião de ontem foi conduzida pelo novo presidente do colegiado, o pesquisador da Embrapa Edilson Paiva.



Com o sinal verde da CTNBio, a Usina Boa Vista, instalada na cidade goiana de Pirenópolis, deve concluir a construção de uma linha de produção de diesel feito da cana. A expectativa é que, em 2011, sejam fabricados 2 milhões de toneladas do produto, que, a exemplo do etanol, é menos agressivo ao meio ambiente do que o combustível fóssil. A aprovação também deve acelerar a negociação com outras usinas interessadas no desenvolvimento do novo produto. Até agora, nenhum país no mundo produz comercialmente o diesel de cana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: O Estadão

Coca adota garrafa com plástico de cana-de-açúcar

Chris Herring
The Wall Street Journal
Diante das críticas de ambientalistas ao uso de garrafas plásticas, a Coca-Cola Co. lançou uma nova embalagem parcialmente fabricada a partir de plantas. O vasilhame tem “o mesmo peso, mesmo aspecto e química, e funciona exatamente da mesma maneira” que uma garrafa de plástico normal, diz uma porta-voz da Coca.

A Coca não é a única fabricante de bebidas que está tentando reduzir sua pegada de carbono. A concorrente PepsiCo. Inc. lançou recentemente um saquinho biodegradável feito de plantas para os salgadinhos SunChips. Mas a Coca é a maior fabricante mundial do setor e o presidente da empresa, Muhtar Kent, diz que a nova garrafa, que usa material derivado da cana-de-açúcar, é “a primeira geração da garrafa do futuro”.

A Coke lançou sua “plantbottle”, ou garrafa-planta, na Conferência sobre Mudança do Clima em Copenhague, no mês passado, e planeja promovê-la mais no mês que vem na Olimpíada de Inverno de Vancouver. “Pesquisas preliminares” mostram que a nova embalagem deixa uma pegada de carbono menor que as garrafas de plástico, alega a Coca.

As garrafas plásticas são produzidas com tereftalato de polietileno, mais conhecido como pet, derivado do petróleo, um recurso não-renovável. A produção de garrafas plásticas para consumo de bebidas em 2006 nos Estados Unidos demandou o equivalente a mais de 17 milhões de barris de petróleo, segundo o centro de pesquisas ambientais Pacific Institute, da Califórnia.

A nova garrafa feita a partir de material vegetal desenvolvida pela Coca usa 70% petróleo e 30% materiais à base de cana-de-açúcar. A cana é moída para produzir suco, que é fermentado e destilado em etanol. Esse etanol é, por sua vez, convertido por uma série de processos químicos, como a oxidação, para monoetilenoglicol – o derivado do petróleo que é normalmente usada para fabricar garrafas. O monoetilenoglicol é misturado ao ácido tereftálico para criar o plástico pet.

A empresa começou a vender a Coca-Cola (inclusive suas variações Light e Zero) na Dinamarca nas novas garrafas pouco antes da conferência da ONU sobre o clima. Como a Olimpíada de Inverno começa a 12 de fevereiro, a empresa lançou a garrafa-planta com a água filtrada Dasani na costa noroeste dos EUA e no oeste do Canadá. A Coca afirma que pretende vender mundialmente 2 bilhões das novas garrafas até o fim de 2010.

A Coca já requisitou e financiou uma análise do Imperial College London que comparou o “ciclo de vida” da nova garrafa ao de uma garrafa comum, para determinar se há diferença no impacto sobre o meio ambiente, disse Scott Vitters, diretor de embalagem sustentável da empresa. Ele diz que o estudo descobriu que a produção da garrafa-planta deixa uma pegada de carbono 12% a 19% menor que a da garrafa normal.

A empresa aguarda agora a verificação dos resultados por terceiros, acrescenta Vitters.

Grupos ambientalistas afirmam que a garrafa que a Coca está lançando é um pouco melhor que as garrafas normais de pet, mas dizem que ainda não resolve o problema maior das embalagens plásticas: o fato de que a maioria das pessoas não as recicla.

Apenas 27% dos vasilhames de pet foram reciclados nos EUA em 2008, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Garrafas Pet. A nova garrafa é “definitivamente algo positivo, mas não é algo que me faz pular de alegria”, diz Susan Collins, diretora executiva do Instituto de Reciclagem de Embalagens.

E alguns concorrentes questionam a avaliação da Coca sobre o efeito da nova garrafa no meio ambiente. “É um primeiro passo admirável da Coca”, diz Andrius Dapkus, diretor de inovação e renovação da Nestlé Waters North America Inc., divisão de água engarrafada da suíça Nestlé SA. “Mas do jeito que está agora, ainda não sabemos se o impacto ambiental da ´plantbottle´ é melhor, pior ou igual” ao da garrafa à base de petróleo.

Em vez de mudar os ingredientes, a Nestlé continua a reduzir a quantidade de plástico nas garrafas, uma estratégia que a Coca e a PepsiCo também usam. A Nestlé planeja lançar nos próximos meses uma nova versão mais leve de sua garrafa EcoShape, que usa 9,3 gramas de pet, 25% a menos que a versão mais recente.


Fonte: The Wall Street Journal – USA

Cientistas descobrem linguagem avançada em roedor nos EUA

Matt Walker

BBC Earth News

Foto do documentário 'Prairie dogs, talk of the town', exibido pela BBC2
A espécie desenvolveu uma linguagem complexa, diz o pesquisador (Foto do documentário 'Prairie dogs, talk of the town', exibido pela BBC2)

Um pequeno roedor pode ter a linguagem mais sofisticada do mundo animal.

A afirmação é do acadêmico Con Slobodchikoff, que trabalha nos Estados Unidos e vem estudando há muito tempo o repertório vocal do chamado cão-da-pradaria-de-cauda-curta (Cynomys gunnisoni).
Com um único latido, diz o cientista, um animal pode alertar sobre o tipo e direção de um predador oculto e até descrever a cor.
Se a descoberta for confirmada, isso significa que estes roedores comunicam-se de uma maneira mais complexa até do que macacos e golfinhos.
Slobodchikoff dá detalhes das experiências que fez para revelar a estrutura oculta da linguagem do animal em um documentário exibido pela BBC.
O cão-da-pradaria-de-cauda-curta pertence à família dos esquilos e vive no norte dos Estados de Arizona, Novo México e sul do Colorado.
No passado, havia uma população de bilhões mas são considerados por fazendeiros como uma praga e seu número diminuiu acentuadamente.
Mas os animais ainda existentes vivem em colônias de centenas de indivíduos e cavam uma complexa rede de tocas subterrâneas.
Quando um predador se aproxima, os pequenos roedores emitem uma série de ruídos.
Durante 30 anos, Slobodchikoff e seus colegas gravaram estes sons.
Para analisá-los, os cientistas realizaram várias experiências, apresentando modelos diferentes de predadores e gravando a resposta diante de coiotes, falcões e texugos.

'Palavras diferentes'

Os pesquisadores descobriram que os cães-da-pradaria enfrentam tantos predadores que desenvolveram "palavras" diferentes para qualificá-los.
Estas palavras são latidos e sons que contém números diferentes de vocalizações rítmicas e modulações de frequência.
Os cães-da-pradaria têm qualidades tonais diferentes, assim como vozes humanas, mas diferentes roedores usam as mesmas palavras para descrever os mesmos predadores, permitindo que o alarme seja entendido pelo resto da colônia.
Um único latido, por exemplo, pode dizer "coiote algo, magro ao longe, movendo-se rapidamente em direção à colônia".
Outros cientistas contestaram esta ideia pois significaria que, apenas com um latido breve, os cães-da-pradaria transmitem informações sobre tamanho, cor, direção e velocidade do deslocamento de um predador.
A equipe de Slobodchikoff acredita que os cães-da-pradaria incluem esta informação ao variar a modulação do chamado e a harmonia do latido.
Ao fazer isso, eles podem incluir uma vasta quandidade de informações em um som muito breve.
"Cães-da-pradaria têm a linguagem natural mais complexa decodificada até agora. Eles têm palavras para diferentes predadores, eles têm palavras para descrever as características individuais de predadores diferentes, por isso é uma língua muito complexa, que tem muitos elementos", dissse Slobodchikoff.
No documentário, os cientistas registraram o primeiro chamado dos cães-da-pradaria "para alertar sobre texugos".
É sutil, mas sempre diferente de todas as outras chamadas.
Quando o alarme é reproduzido para uma colônia de roedores, eles reagem de forma diferente em relação a quando o aviso é sobre coiotes.
Coiotes caçam de surpresa, então os roedores respondem fugindo instantaneamente. Texugos tentam cavar tocas e, quando os cães-da-pradaria são avisados sobre um texugo, ficam vigilantes.
Slobodchikoff acredita que os cães-da-pradaria podem ter evoluído esta linguagem complexa porque vivem em uma sociedade complexa alojada em um sistema de tocas complexo.
Eles vivem em "cidades" bem organizadas com centenas de indivíduos e também têm que competir com posseiros, como coelhos, cobras, tarântulas, corujas, texugos e raposas que, muitas vezes, entram em suas tocas.

Fonte: BBC Brasil