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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pobreza deixa marcas biológicas permanentes nas crianças, dizem cientistas

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u697292.shtml

Diversidade genética de melancia é alta no Sertão


A maior variabilidade genética de uma espécie está no lugar de onde ela se origina. No caso da melancia, a África. Pesquisadores brasileiros, no entanto, identificaram no semiarido, onde a planta foi introduzida durante a colonização, centro secundário de diversificação de genes da espécie. Equipe da Embrapa em Petrolina já catalogou na região 843 registros de melancieiras com características como tamanho, cor da polpa e teor de açúcar distintas.
As amostras fazem parte do banco de Germoplasma de Cucurbitáceas do Nordeste. Cucurbitáceas é o nome da família botânica à qual também pertencem o melão, maxixe, jerimum, abóbora, abobrinha, cabaça, pepino e bucha. O banco conta também com 27 amostras de melancia forrageira (destinada à alimentação animal), 643 de jerimum de leite (ou abóbora), 187 de jerimum caboclo, 146 de maxixe e uma de cabaça.
Para quem confunde jerimum e abóbora, a diferença está no tamanho e na cor do fruto. Enquanto o do primeiro é menor, tem a casca verde, polpa mais clara e sementes sempre brancas, o do outro possui o miolo alaranjado e é maior. A abóbora também é chamada de jerimum-de-leite.

A coordenadora do trabalho, Rita Dias, explica que coleções desse tipo são importantes para pesquisas genéticas. “Há genes de resistência a doenças ou ainda os que podem ser usados para a obtenção de um fruto maior e mais doce.”

As mudanças climáticas, informa a agrônoma, são outra linha de pesquisa à qual um banco de germoplasma se destina. É que há variedades de plantas mais resistentes que outras ao aumento da temperatura e ao chamado estresse hídrico, associado à baixa pluviosidade, característica do semiarido.

O banco de germoplasma da Embrapa se destina ao armazenamento das sementes de cucurbitáceas a médio prazo. Isso significa que a empresa terá o patrimônio genético das variedades caboclas, ou seja, adaptadas ao semiarido, por décadas.

Com informações do Jornal do Commercio/Foto ilustrativa

http://www.carlosbritto.com/diversidade-genetica-de-melancia-e-alta-no-sertao/

Reserva da biosfera e unidades de conservação na caatinga

Elcio Alves de Barros*

A Conferência sobre a Biosfera, organizada pela Unesco em 1968, foi a primeira reunião intergovernamental a tentar reconciliar a conservação e o uso dos recursos naturais, fundando o conceito presente de desenvolvimento sustentável. Em 1970, a Unesco lançou, o Programa Homem e Biosfera, com o objectivo de organizar uma rede de áreas protegidas, designadas Reservas da Biosfera, que representam os diferentes ecossistemas do nosso planeta e cujos países proponentes se responsabilizam em manter e desenvolver.

Existem mais de 400 Reservas da Biosfera em todo planeta. Cada Reserva da Biosfera é uma coleção representativa dos ecossistemas característicos da região em que se estabelece. As reservas da biosfera possuem três funções básicas: conservação das paisagens, ecossistemas e espécies; desenvolvimento econômico e humano que seja cultural, social e ecologicamente sustentável; logística, que dê suporte para pesquisas, monitoramento e educação.

A estrutura das reservas da biosfera pressupõe a existência de três áreas geograficamente delimitadas:

Zona Núcleo - constituída por áreas representativas do ecossistema em que está inserida e reconhecida e protegida legalmente, as Unidades de Conservação.

Zona de Amortecimento – área contígua a Zona Núcleo onde são permitidas apenas atividades compatíveis com os objetivos da Unidade de Conservação que é a Zona Núcleo.

Zona de Transição – onde apenas atividades que promovam o desenvolvimento sustentável são incentivadas.

A Caatinga é o único bioma exclusivo do Brasil e compreende uma área de aproximadamente 11% do território nacional (IBGE, 1993). Ocupa, principalmente, a região Nordeste do Brasil, além da porção norte do Estado de Minas Gerais. Pode ser caracterizada pela vegetação do tipo savana estépica, pela longa estação seca e pela irregularidade pluviométrica com precipitação anual média variando, aproximadamente, entre 400 e 600 mm que contribuem para que os rios da região, em sua maioria, sejam intermitentes e sazonais.

Mesmo sendo uma região semiárida, a Caatinga é extremamente heterogênea, sendo reconhecidas 12 tipologias que despertam atenção especial pelos exemplos fascinantes e variados de adaptação aos habitats semi-áridos. Essa posição única entre os biomas brasileiros não foi suficiente para garantir à Caatinga o destaque merecido. Ao contrário, o Bioma tem sido sempre colocado em segundo plano quando se discute políticas para o estudo e a conservação da biodiversidade do país, como pode ser observado pelo número reduzido de unidades de conservação Além disso, é também um dos biomas mais ameaçados e alterados pela ação antrópica, principalmente o desmatamento, apresentando extensas áreas degradadas e solos sob intenso processo de desertificação.

Apesar de várias espécies terem sido descritas na região, a Caatinga é ainda pouco conhecida do ponto de vista científico, a maioria das nossas universidades e institutos de pesquisas concentram suas ações e seus estudos na zona da mata e no litoral. A expectativa é que nos próximos anos esta situação mude com a interiorização das universidades federais que em Pernambuco já chegaram a Petrolina, Serra Talhada, Caruaru e Garanhuns todas cidades localizadas na Caatinga. Também, espera-se que a universidade publica estadual - UPE - crie novos campi no interior.

Promover a conservação da biodiversidade da Caatinga não é uma ação simples. Grandes obstáculos precisam ser superados. O primeiro deles é a pouca importância nos planos de desenvolvimento dos governos dada à questão ambiental. Nestes planos a qualidade de vida da população interiorana não está vinculada a questão ambiental. Os órgãos governamentais não dispõem de um sistema que fiscalize e controle o desmatamento satisfatoriamente. Tampouco desenvolvem ações de educação ambiental voltada para a população rural e os jovens em idade escolar. Os livros didáticos utilizados nas escolas de primeiro e segundo grau pedem que os estudantes façam pesquisas sobre a mata atlântica. Sobre a Caatinga nenhuma palavra. Este conjunto de fatores contribui cada vez mais com a destruição de recursos biológicos.

Menos de 4% da área da Caatinga está protegida em unidades de conservação. Se considerarmos apenas as UCs de proteção integral o percentual é menor que 1%. As terras indígenas, que são também importantes para manter a biodiversidade, ocupam, também, menos de 1% da área da região. As unidades de conservação além de cobrirem apenas uma pequena extensão da região da Caatinga, não representam bem a biodiversidade endêmica e ameaçada de extinção do bioma. A combinação de falta de proteção e de perda contínua de recursos biológicos contribui para a extinção de espécies exclusivas da Caatinga.

Se não tivermos Unidade de Conservação na Caatinga, não teremos Reserva da Biosfera da Caatinga como pressupõe o modelo apresentado no inicio. Acredito que no momento atual marcado por um processo de mudança climática produzida pelas atividades humanas não existem argumentos que racionalmente se oponham a criação de novas unidades de conservação. Apenas argumentos econômicos se opôem a esta idéia e apenas critérios econômicos estão superados não preenchem os requisitos para o desenvolvimento sustentável.

Por isso, o objetivo principal do CERBCAA-PE é lutar para aumentar a área de Caatinga protegida em nosso Estado. Sabemos que só criar Ucs não é suficiente para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. Outros instrumentos são necessários nessa caminhada em busca do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida da população caatingueira. È apenas o primeiro passo de uma longa caminhada que precisa ser iniciada.

* Engenheiro agrônomo, coordenador-geral do CERBCAA-PE (Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga do Estado de Pernambuco).

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogcma/canais/artigos/2010/02/20/reserva_da_biosfera_e_unidades_de_conservacao_na_caatinga_64268.php

Fonte:JC Ciência e Meio Ambiente

Dengue sem asas

Dengue sem asas

Cientistas desenvolvem fêmeas de Aedes aegypti incapazes de voar como alternativa para conter a transmissão da doença (foto: Fiocruz)

Agência FAPESP – Para combater a transmissão de dengue, que tal cortar o mal pela raiz? Ou melhor, que tal cortar as asas dos mosquitos – ou, pelo menos sua capacidade de voar? Essa é a sugestão de um grupo internacional de pesquisadores, que obteve uma nova linhagem de mosquitos na qual as fêmeas não podem voar.

O estudo, feito por um grupo do Reino Unido e dos Estados Unidos, será publicado esta semana no site e, em breve, na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Fêmeas do principal vetor da dengue, o Aedes aegypti, quando não conseguem voar, morrem rapidamente, reduzindo o número de mosquitos e, por consequência, a transmissão da doença, segundo os autores do estudo. Machos podem voar, mas não picam ou transmitem a doença.

Um dos principais problemas de saúde pública no mundo, a dengue provoca anualmente de 50 milhões a 100 milhões de casos. Não há vacina para a doença, que coloca quase 40% da população global em risco.

Os cientistas alteraram geneticamente mosquitos machos que, ao cruzar com fêmeas selvagens, transmitiram seus genes aos descendentes. As fêmeas da geração seguinte não foram capazes de voar por que a alteração genética afetou o desenvolvimento dos músculos das asas.

Os autores da pesquisa estimam que a nova linhagem pode suplantar a população nativa em até nove meses, em alternativa eficiente e que não envolve o uso de pesticidas.

“Os métodos atuais de controle da dengue não são suficientemente eficientes e, por conta disso, novas alternativas se fazem urgentemente necessárias. Controlar o mosquito que transmite o vírus poderia reduzir significativamente a morbidade e mortalidade humanas”, disse Anthony James, professor da Universidade da Califórnia em Irvine e um dos autores do estudo.

Segundo James, uma das principais autoridades mundiais em doenças infecciosas transmitidas por insetos, há ainda estudos a serem feitos para confirmar a viabilidade do novo método, mas o potencial é de aplicação não apenas para a dengue, como também para outras doenças, como malária e febre do oeste do Nilo.

O artigo A female-specific flightless phenotype for mosquito control, de de Luke Alphey e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1000251107.

http://www.agencia.fapesp.br/materia/11796/divulgacao-cientifica/dengue-sem-asas.htm

Fonte:Agência FAPESP