Depois do anúncio referente aos números do desmatamento da Caatinga feito na terça-feira, 2 de março, duas instituições bancárias propuseram a criação de mecanismos voltados para a proteção do bioma, que perdeu 2% do território que possui nos anos de 2002 a 2008, segundo dados do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Enquanto o Banco do Nordeste do Brasil propôs o Fundo Caatinga, o Banco do Brasil acenou com a criação de um fundo de combate à desertificação - o bioma concentra 60% das áreas do país suscetíveis a este fenômeno. No entanto, ainda não foram definidos valores e como os recursos serão aplicados.
"Nós pleitearemos que o Fundo de Mudanças Climáticas, que tem R$1 bilhão, assinado pelo presidente Lula no final do ano passado, tenha metade de seu valor destinado ao Nordeste, região que será mais afetada pelas mudanças climáticas¿, adiantou o ministro do MMA, Carlos Minc.
Causa
O governo federal atribuiu o fator energético como a principal causa do desmatamento no bioma. O uso da mata nativa para fazer lenha e carvão teriam sido determinantes para os 16.576 quilômetros quadrados devastados em um período de seis anos.
"Não haverá solução para a defesa da Caatinga sem mudar a matriz energética, com o uso de energia eólica, de pequenas centrais hidrelétricas e do gás natural", defendeu Minc. O ministro informou que a partir desta quarta-feira (3) serão discutidas soluções para combater o desmate e possíveis investimentos para o uso sustentável da Caatinga. Os encontros vão ser realizados nas cidades de Juazeiro do Norte (CE) e Petrolina (PE), e seguem até sexta-feira (5).
De acordo com dados do MMA, a maior parte do carvão é usada em siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo, no polo gesseiro e no cerâmico do Nordeste e também em pequenas indústrias que usam lenha e carvão. Outra fonte de desmatamento é a pecuária, principalmente a bovina, que está associada ao corte raso da Caatinga.
A Caatinga é um ecossistema existente apenas no Brasil e abrange os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e da Bahia, além do norte de Minas Gerais, ocupando 11% do território nacional. A flora do bioma tem 932 tipos de plantas e a fauna, 148 mamíferos e 510 aves.
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